Após negar envolvimento na primeira audiência, Marco Moraes prestou novo depoimento a pedido da defesa, e admitiu ter subtraído R$ 300 mil do lar de idosos
Em um depoimento surpreendente e revelador, Marco Antonio Almeida de Moraes, 50 anos, apontado pela Polícia Civil e Ministério Público (MP) como o principal investigado no esquema de desvios de verbas, doações e cestas básicas da Associação de Auxílio aos Necessitados (Asan), abriu o jogo.
Pela primeira vez, admitiu ter cometido crime, e apontou até valor. Pelo menos R$ 300 mil teriam sido desviados do lar de idosos para aproveitamento pessoal dele. A sessão extra do processo iniciou às 15h30min desta quarta-feira (19), no Fórum de Santa Cruz do Sul, e foi acompanhada pela reportagem do Portal Arauto.
O novo depoimento ocorreu após uma solicitação ao Poder Judiciário da advogada criminalista Samara Dorfey, que faz a defesa do réu. O caso corre na 1ª Vara Criminal de Santa Cruz. Na primeira oitiva, em 8 de janeiro, Marco Antonio havia negado as acusações.
A audiência desta quarta foi presidida pela juíza Lísia Dorneles Dal Osto, que é titular do Juizado Regional da Infância e Juventude e substituiu a juíza Márcia Inês Doebber Wrasse, que está de férias. Gustavo Burgos de Oliveira é o promotor do caso e representou o MP.
O criminalista Luiz Carlos Rech, que defende outros dois réus no processo, também acompanhou a audiência. No depoimento, Marco chorou em muitos momentos. “Queria dizer que me arrependo, e que eu quero pagar pelo que eu fiz. Peço desculpas à Asan”, disse ele.
Desde o início do caso, sabia-se que ele tinha entrado na Asan para cumprir prestação de serviços comunitários por uma condenação transitada em julgado na Justiça. Porém, na audiência, perguntado pela juíza Lísia, ele revelou pela primeira vez o motivo. Relatou que foi condenado por “problemas” envolvendo uma licitação que participou.
Sobre o caso na Asan, ele disse que outros denunciados sequer sabiam que ele usava notas fraudulentas, e que ele era o único responsável pela situação. “Eles só tentaram me ajudar sem saber do que se tratava. Não tinham noção do que era. Por isso, peço desculpas também a essas pessoas.”
Valores diferentes
Entre os crimes citados na denúncia que o réu não reconheceu, está a falsidade ideológica. Afirmou que nunca tentou se passar por seu filho, Marco Antonio Reis de Moraes, apenas houve equívocos em virtude dos nomes serem praticamente iguais.
Sobre a apropriação de valores da instituição, disse que solicitou a título de empréstimo R$ 83 mil ao chamado “caixa dos idosos”, mas que nunca pagou, e que um dia pretende devolver o valor. Questionado pela magistrada sobre a apropriação de cestas básicas e produtos doados, inicialmente Marco disse que procedia a denúncia.
Contudo, mais tarde, em pergunta da advogada Samara Dorfey, afirmou que havia repassado produtos quase vencidos para necessitados em Rio Pardo, relatando que aceitava a condição de desvio no processo, pois não tinha como comprovar esse repasse por meio de alguma evidência formal.
A denúncia apontava até R$ 2 milhões em recursos desviados do lar de idosos que conta com 75 residentes e fica na Rua Padre Luiz Müller, Bairro Bom Jesus. Marco confessou o crime, mas com uma diferença.
“Concordo que houve o desvio, apenas os valores são diferentes”, disse ele, confirmando que cerca de R$ 300 mil teriam sido desviados para benefício próprio. Ao ser perguntado pelo promotor Gustavo para quais fins desviou o dinheiro, citou um tratamento de saúde e a “manutenção própria”, reiterando que pretende devolver os valores subtraídos.
A sessão foi encerrada às 16h30min e Marco retornou ao Presídio Regional de Santa Cruz do Sul em escolta da Polícia Penal. Com o final da instrução processual nesta quarta, a Justiça abriu prazo para as manifestações finais da defesa e da acusação. Posteriormente, será proferida a sentença.
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