Com uma pequena variação negativa, o fator que mede o nível de inadimplência das famílias está praticamente estável
O segundo semestre de 2024 iniciou com um índice de inadimplência praticamente igual ao medido no mesmo período do ano passado. Segundo o relatório da Equifax Boa Vista, birô de crédito utilizado pelo Sindicato do Comércio Varejista de Santa Cruz do Sul e Região (Sindilojas-VRP), o percentual medido no último mês de julho foi de 28,6%. No mesmo período do ano passado, o percentual foi de 28,2%. Segundo economista, recursos aportados para o socorro das famílias atingidas pelas enchentes associados à cultura local de manutenção do crédito podem ser os elementos que colaboram com a manutenção do índice abaixo das médias estadual e nacional.
Para o economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), Oscar Frank, em nível estadual, uma soma de fatores colaborou com a segurada nos índices de inadimplência. De acordo com ele, houve redução da entrada de informações restritivas nos cadastros estaduais. De outro, as políticas de apoio do poder público, embora insuficientes frente aos danos causados pela tragédia climática, ajudaram a antecipar pagamentos e benefícios, além de injetar novos recursos: “nesse sentido, acreditamos que parte da liquidez dos programas governamentais, provenientes de diferentes esferas, foi direcionada para a renegociação de dívidas em atraso”, pondera.
Repetindo o desempenho positivo do município, Santa Cruz do Sul mantém-se abaixo dos percentuais estadual, medido em julho em 31,07% e no Brasil, 31,6%. Para o economista, a tradição de manutenção de crédito local, somada a outros fatores – como até mesmo a continuidade da safra do tabaco na indústria local – podem colaborar com o desempenho positivo. “Cada caso é um caso, mas são vários aspectos da parte econômica e até mesmo da cultura de um determinado município”, ressalta Frank.
Para o presidente do Sindilojas-VRP, Mauro Spode, o percentual favorável à economia local demonstra a preocupação do consumidor com seu cadastro de crédito, associado à condição econômica das famílias. “Esta avaliação demonstra que seguimos uma tendência de estabilidade na inadimplência e mesmo com todo o efeito negativo das enchentes e os prejuízos causados às famílias, no município, pelo menos ao que se refere à inadimplência, a tragédia do clima parece ter sido superada”, avalia.
Auxílio da União será decisivo
De acordo com o relatório, a maior parte dos consumidores incluídos no índice de inadimplência está entre as mulheres, na faixa dos 30 aos 34 anos, com renda média de um salário-mínimo. “Esta é uma característica recorrente nas pesquisas e avaliações de crédito feitas no município. Tem a ver com um comportamento histórico em Santa Cruz, demonstrando principalmente que a questão renda é fundamental para a manutenção dos pagamentos em dia e o cadastro de crédito do consumidor”, ressalta Spode.
Já no que se refere à projeção futura para o ano de 2024, o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, acredita que a capacidade de recuperação da economia local, acompanhada da atenção de programas federais, destinados aos municípios e as pessoas atingidas pelas enchentes que darão o suporte necessário. “Em relação ao futuro, acreditamos que a magnitude do apoio da União à continuidade da recuperação no RS será decisiva para a dinâmica do Indicador de Inadimplência”, complementa Frank.
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