Os baixinhos participaram de atividades durante a 22ª Semana da Alimentação
Sentir o cheiro e o sabor dos alimentos, conhecer as diferentes texturas de frutas, verduras e hortaliças, aprender a preparar um lanche e saber um pouco mais sobre de onde vêm os produtos que consumimos à mesa todos os dias. Toda essa riqueza de experiências e de conhecimento marcou a 22ª Semana da Alimentação para cerca de 100 alunos de turmas do 2º ao 8º ano do Ensino Fundamental das escolas estaduais José Wilke e Nossa Senhora da Esperança e da municipal Frederico Assmann.
Na quinta-feira (17), uma turma de 15 alunos do 4º ano da Emef Frederico Assmann, do Bairro Belvedere, foi conhecer de perto o Banco de Alimentos, onde fizeram um tour pelas instalações e conversaram com técnicos sobre a importância das doações que a entidade recebe de pessoas físicas e jurídicas para atender famílias em situação de vulnerabilidade. As atividades foram organizadas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, em parceria com o Programa Saúde na Escola (PSE).
Dentro do pavilhão, os estudantes também conheceram um pouco mais sobre o trabalho realizado pela Coopersanta, a cooperativa de alimentos que funciona no mesmo local. Eles aprenderam que os alimentos consumidos na merenda escolar e distribuídos através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) são cultivados em pequenas propriedades do interior do município, que uma alimentação saudável tem como base o consumo de produtos da terra e que os industrializados, principalmente os ultraprocessados, não são uma escolha inteligente. “Quanto mais comermos o que vem da terra melhor. Os alimentos processados têm muita gordura, sal e aditivos para que não estraguem logo e é isso que faz mal para nossa saúde”, ensinou a nutricionista do Banco do Povo, Patrícia Cemin Becker.
Em meio a um bate-papo bem descontraído, Patrícia explicou aos alunos que não há problema em comer um doce, desde que isso não se transforme em uma hábito, mas que seja algo esporádico. “Claro que a gente pode comer um doce de vez em quando, até porque é bom e tudo depende de um contexto, mas não é sempre que vamos comer. É muito importante ter equilíbrio na alimentação”, frisou ela.
Do alto dos seus 10 anos, Iuri da Silva Streich parece já saber disso. Ele contou que come bastante verdura e dentre as frutas têm preferência por maçã, banana e manga. Já o refrigerante, jura que toma somente nos finais de semana e que quase não come bobagem. Na hora da refeição afirmou que come direitinho, até porque quem prepara tudo é a avó, que segundo ele, tem um dom pra lá de especial. “A comidinha da minha vó é muito boa”, elogiou.
Depois da conversa, a turma deu uma pausa na teoria e foi convidada a colocar a mão na massa e sob a supervisão de uma equipe de nutricionistas lavou, descascou, ralou, cortou, picou, misturou e, no final, saboreou um delicioso sanduíche natural de franco com requeijão, alface, tomate e cenoura.
Filho de mãe confeiteira, Murilo Luís dos Santos, 9 anos, não é principiante na cozinha e volta e meia ajuda a mãe no preparo de alguma iguaria. Na hora das refeições, muito ingrediente saudável no prato. “Geralmente como arroz, feijão, batata e gosto de brócolis, alface, couve-flor”, disse. Questionado sobre se estava gostando da atividade, ele não se intimidou e respondeu com sinceridade. “Estou gostando muito porque no final vou comer!”, brincou.
A segunda parte da vista foi ainda mais desafiadora. Divididos em três grupos, os alunos participaram do projeto Caixa Sensorial. A ideia era testar os sentidos e descobrir através do paladar, do olfato ou do tato qual o alimento escondido no interior da caixa. Eram três estações, cada uma para um sentido diferente, e os grupos se revezaram entre elas. A brincadeira rendeu alguns prêmios e muita diversão.
De acordo com a nutricionista, fazer com que as crianças hoje em dia tenham uma alimentação saudável não é uma tarefa fácil. Segundo ela, o apelo dos produtos industrializados, fast foods, sorvetes e outras guloseimas é muito forte. “Esses produtos têm uma hiperpalatabilidade e as crianças ficam muito estimuladas por eles. Tem também a questão visual da própria embalagem, da publicidade, enfim, é uma indústria que vem crescendo muito”, observou. Por outro lado, Patrícia disse também que políticas públicas avançam no sentido de minimizar os danos à saúde, como é o caso da nova rotulagem de alimentos que traz avisos sobre o alto teor de açúcares adicionados, gorduras e sódio presentes nos alimentos.
A 22ª Semana da Alimentação aconteceu em todo o Estado, em uma realização da Caisan/RS, Emater/RS-Ascar, CRN-2, Consea/RS e Fesan/RS, em virtude do Dia Mundial da Alimentação, instituído em 16 de outubro pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Em 2024, o tema esteve alinhado ao esforço de reconstrução do Estado após as enchentes de maio e propôs repensar formas de acesso a alimentos adequados em conexão com formas sustentáveis de produção e consumo.
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