Preço pago pelas empresas não atinge expectativas de produtores nem da Afubra
Não é de hoje que o início da comercialização do tabaco gera desânimo nos produtores da região. Depois de duas rodadas de negociações para a definição do preço da atual safra, ainda tem empresas que não chegaram ao percentual firmado com a Souza Cruz, de 8,35%. Em Vera Cruz, diversos são os relatos de trabalhadores do campo que mandaram o tabaco até as esteiras e retornaram com o fumo aos galpões, na esperança de que as fumageiras reconheçam as horas de trabalho dedicadas pelos agricultores e paguem mais pelo produto.
Para conferir de perto a situação, o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner, esteve junto com um técnico em classificação da entidade visitando produtores que tiveram problemas na comercialização. A intenção de Werner é seguir as visitas para que possa argumentar com as empresas que o tabaco estocado nos galpões está bom. A orientação do presidente é que, dentro das possibilidades econômicas de cada produtor, se tenha cautela na hora da venda, em virtude da comercialização estar no início. Ele lembra também que o produtor deve levar todas as posições do pé. “As empresas solicitam o B e o T (meio pé para cima), mas os produtores devem levar também o baixo meio pé, que já está mais maturado”, explica.
OLHAR DE DESÂNIMO
É com vontade de parar de produzir tabaco que o aposentado Albino Almeida, de 64 anos, manoca parte de sua produção no galpão. Há poucos dias, o produtor de Dona Josefa levou 87 arrobas de fumo para uma empresa santa-cruzense e fez uma média abaixo da esperada. Ele, que ao lado da família mantém a produção de tabaco como principal cultura da propriedade, conta que pela sua classificação a média chegaria a R$ 150 por arroba. No entanto, o preço pago pela fumageira ficou na casa dos R$ 104. Com a nota nas mãos, ele mostra que nenhum dos fardos levados foi classificado como BO1 pela empresa. Em um outro papel, guardado junto com a nota, ele tem a classificação feita por ele, indicando que quase 600 quilos de tabaco, o que representa 40 arrobas, se enquadraria nesta classe. Mesmo assim, Almeida vendeu seu tabaco por estar em débito com a fumageira e precisar do dinheiro para outros negócios. Mas ele lamenta a desvalorização do produtor. “Qual a vontade que dá de permanecer na colônia?”, questiona.
A matéria na íntegra você lê na edição do Jornal Arauto desta quinta-feira.
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