Colunista

Daiana Theisen

Conversa de mãe

COLUNA

Cor de quem?

Publicado em: 12 de dezembro de 2024 às 16:15 Atualizado em: 12 de dezembro de 2024 às 16:21
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Ao conversarmos com as crianças sobre diversidade contribuímos para um ambiente mais inclusivo e representativo para elas brincarem e aprenderem sobre o mundo ao seu redor, e para um amanhã com menos preconceito

Tivemos, há poucos dias, a celebração do primeiro feriado da Consciência Negra. Inevitável relacionar com a maneira como tratamos do tema com as crianças, o que reflete no futuro e na esperança de eliminarmos esta cultura racista infelizmente ainda enraizada em nós, o racismo estrutural.

Vi uma postagem no Instagram que me chamou atenção, da máxima: as crianças e sua inocência e sinceridade. Em algum momento, a criança vê uma outra criança, de pele negra, e pergunta por que ela está pintada. Repare que, sob o meu ponto de vista, não há nada errado e nem qualquer maldade nesta criança. É sua curiosidade natural sobre algo diferente, que ela desconhecia. O que vale refletir é a maneira como os pais conduzem a resposta ou mesmo como podem se antecipar, evitando a necessidade dessa pergunta.

Felizmente é uma realidade que, pouco a pouco, está mudando. E muda porque nós mudamos. Já não aceitamos mais esta diferença que não se sustenta. Assim como para qualquer diversidade, acima de tudo, respeito.

Se agirmos assim, nossos filhos também agirão.

Os brinquedos já não representam mais apenas a menina loira de olhos azuis, e queremos que eles estejam em todo o lugar, das nossas casas às escolas, fortalecendo a autoestima e, ao mesmo tempo, promovendo a compreensão da diversidade humana. Os desenhos animados têm heróis e heroínas de toda cor e de todo o gênero, assim como os livros infantis. Mudamos até o material escolar.

Em 2018 a Faber-Castell (empresa alemã fundada em 1761) lançou a linha Caras & Cores, com produtos que ampliavam a variedade de tons para representar a cor da pele, indo além das tonalidades tradicionais e promovendo uma verdadeira inclusão e sensação de pertencimento, com lápis de vários tons que, além de tudo, permitem combinações. Na época, lançou a campanha “Cor de Quem?”, protagonizada por crianças de diferentes cores e idades. A trilha sonora? Não poderia ser outra. Uma releitura de Aquarela, que desde a década de 80 é usada em propagandas da marca. E, por consequência, a expansão deste olhar a todo o mercado.

Mais do que estimular a criatividade, estimula a autoexpressão. E por isso a linha é sucesso até hoje. Iniciativas como essas fazem as crianças reforçarem a mensagem que tanto queremos ecoar. E quando uma criança aprende, quando entende sobre diversidade e inclusão, o mundo se torna um lugar melhor.

Estamos no caminho.

 

Neste sentido, tivemos uma conversa bem bacana, rica em reflexões e aprendizados, com o Anderson dos Santos e com a Camila da Rosa, que pode ser ouvida clicando aqui. Eles deixaram muito evidente que devemos, sim, tratar do assunto de maneira sincera e verdadeira.