Com a data máxima da Cristandade se aproximando, boa parte das famílias perde o sono porque o endividamento é uma realidade persistente
AS promoções de Natal já estão em toda parte. Nos apelos dos programas de horários nobres dos canais de televisão, nas redes sociais, nas vitrines das lojas e na decoração de algumas cidades tradicionais do turismo natalino. É a data máxima da Cristandade se aproximando. No entanto, boa parte das famílias perde o sono porque o endividamento é uma realidade persistente. Aqui na Província de São Pedro essa ansiedade atormenta ainda mais desde setembro do ano passado quando o Vale do Taquari registrou milhares de famílias desalojadas por causa de uma enchente sem precedentes. Para piorar, veio uma reprise em novembro e em maio passado, a enchente que inundou o Rio Grande, superando as marcas históricas de 1941. Entre os desabrigados, quem tinha alguma poupança ou seguro, conseguiu dar um recomeço precário de alguma forma. Outros, com recurso de acesso bancário, apelaram aos meios de crédito, contraindo empréstimos a juros altíssimos, sem nenhuma benevolência por parte das instituições financeiras diante das dificuldades públicas e notórias.
O aporte de crédito dessas famílias, por óbvio, veio para atender as necessidades básicas. Mas os senhores dos capitais não querem saber: se está devendo, tem que pagar. O sistema creditício de hoje em dia está no modo automatizado e não tem sentimento para as dificuldades reais dos inadimplentes. Eis que o clima natalino chega batendo às portas dos lares e faz sua pressão do bem. Ainda que incomodados com as contas em atraso todos querem ter o seu momento natalino por mais simples que seja. Aliás, endividamento esse considerado um dos principais obstáculos que impedem o crescimento da economia, até porque dificultam o consumo que faz manter a atividade industrial. Preocupa, pois, porque boa parte procura honrar as contas básicas como água, luz e gás.
Tanto que essa circunstância chamou a atenção de entidades ligadas ao comércio, principalmente, que estão em campanha fazendo um chamamento para renegociação e regularização das dívidas de seus clientes. Com efeito, o comércio quer vender, gerar empregos, movimentar a economia, mas também quer receber. Sempre é hora de renegociar alguma pendência. É o momento de despertar a atenção do cliente que também gosta de enfeitar a casa para as festas de fim de ano. Mesmo com todas as dificuldades bem conhecidas, é válida a tentativa de mostrar otimismo com ofertas e promoções para todos os bolsos.
O balcão de renegociação está franqueado. Contudo é preciso que o consumidor/cliente tenha cuidado de fazer isso pessoalmente, seja no comércio, seja nos bancos. A internet está cheia de golpistas oferecendo “vantagens imperdíveis”, seja através do celular, das redes sociais e sites chamativos. Sempre com bons argumentos facilitadores, os criminosos cibernéticos estão à espreita, vão tirando informações do cidadão, e propõem para finalizar a negociação o depósito de uma “taxa administrativa” ou coisa parecida.
Cuidado com essas armadilhas, pois nunca se sabe quem está no lado oculto da internet. Só para lembrar, estamos num país dominado pelas redes sociais em que novos e criativos golpes surgem a todo instante. Todo cuidado é pouco. Negociar pessoalmente sempre é bom para as duas partes: credor e inadimplente. Depois de tudo que o Rio Grande passou, todos almejam ter um Natal com tranquilidade. Não é querer nada demais.
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