A presença dos sinais vitais está entre as principais recusas por parte de familiares
Um único doador pode salvar ou melhorar a qualidade de vida de diversas pessoas por meio da doação de órgãos, como rins, fígado, pulmões e coração. Apesar desse potencial, o Brasil ainda enfrenta dificuldades significativas na captação de órgãos. No país, por exemplo, a cada 14 pessoas que manifestam interesse em doar órgãos, apenas quatro concluem o processo.
Conforme dados do Ministério da Saúde, no primeiro semestre deste ano, 14.352 transplantes foram viabilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país. O número é maior que o registrado em 2023, quando foram contabilizados 13,9 mil durante o mesmo período. Os órgãos mais doados foram os rins, fígado, coração, pâncreas e pulmão, além da córnea e medula óssea, que são tecidos. Já no Rio Grande do Sul, nos primeiros seis meses de 2024, foram 1,9 mil novos doadores de medula óssea.
A doação de órgãos é um ato por meio do qual podem ser retirados órgãos ou tecidos para serem utilizados no tratamento de outra pessoa, com a finalidade de restabelecer as funções de um órgão ou tecido doente.
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A enfermeira coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) do Hospital Santa Cruz (HSC), Fernanda da Cunha Salvi, destaca a importância de deixar registrado o desejo de ser um doador. “Conforme a legislação atual, nós precisamos informar a nossa família sobre essa vontade, pois será a família que poderá autorizar a doação de órgãos. Antes, podíamos manifestar esse desejo através da Carteira de Motorista ou Documento de Identidade; no entanto, atualmente a legislação não permite mais”, ressalta.
Fernanda explica que atualmente é possível fazer um registro em cartório manifestando o desejo de doar. No entanto, essa declaração serve apenas para informar a família do possível doador. “Como é um momento difícil, de luto, às vezes as famílias acabam não se lembrando desse desejo. Por isso, é importante deixar registrado para que essa declaração auxilie no processo de autorização da doação de órgãos”, descreve.
Ainda segundo a profissional, alguns familiares têm dificuldade de aceitar a doação de órgãos em casos de morte encefálica. Conforme ela, isso ocorre porque muitos têm dificuldade em entender as causas da morte cerebral. “Estamos preparados para o paciente que evolui a óbito, que tem o coração parado, a pele fria e não apresenta mais movimento respiratório. Já o paciente com morte encefálica (morte do cérebro), após a constatação, mantém-se ventilando por aparelhos para possibilitar a doação dos órgãos. As pessoas possuem pouco conhecimento sobre esses processos, pois, nesse caso, o paciente ainda apresenta movimento respiratório e uma temperatura adequada para o corpo”, detalha.
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