Criança não nasce com medo de injeção. É principalmente a reação dos pais que estimula - ou não - este sentimento.
Dia desses estava acompanhando meu pai em um atendimento no hospital e escutei um menino em desespero, porque precisava fazer uma injeção. Mas era desespero mesmo, de gritar, se debater, chorar, pedindo para ir para casa. Era pai, mãe e equipe de enfermagem tentando acalmar o pequeno. E, para quem escuta, é um tanto angustiante.
Se você é pai ou mãe, certamente já viveu a cena seguinte: você leva seu filho para tomar uma vacina e, antes mesmo de chegar ao posto de saúde ou à clínica, quando fica sabendo qual é o destino do “passeio”, a criança já começa a sofrer. Pronto. Isso é o suficiente para que aquela injeção que nem doeria tanto assim passe a ser dolorosa de verdade.
Você sabia que as crianças são influenciadas pelo que os adultos falam e isso pode, inclusive, afetar a forma como elas entendem e sentem a dor? Portanto, a lógica é simples: basta que seu filho acredite que vai sofrer para que o sofrimento se transforme em realidade.
A sensação de dor em crianças é influenciada pelo que elas escutam. Se dissermos que sentirão muita dor – ou se elas disserem isso a si mesmas – elas sentirão mais dor e mais emoções negativas como consequência.
Isso não quer dizer que devemos mentir para as crianças e afirmar que a vacina não vai doer, por exemplo. No lugar de simplesmente dizer que uma coisa vai ou não ser dolorosa, os pais devem tentar descrever com mais precisão a sensação que os filhos podem ter. No caso da vacina, por exemplo, uma boa opção é falar a clássica “uma picadinha de mosquito”. Assim, dizemos a verdade sem supervalorizar as experiências ruins.
Lá em casa sempre funcionou, nunca tivemos problema para tomar vacina ou fazer qualquer injeção. Evidentemente que pode até rolar um chorinho, mas totalmente contornável com atenção e carinho.
Lembro que minha filha, com 5 anos, teve que fazer pontos na boca, porque foi mordida por um cachorro. Desesperador? Sim, foi. Era pandemia e nós reforçávamos que ela devia usar máscara, lavar sempre as mãos, para que não precisasse ir ao hospital. Quando precisamos ir ao hospital, esse foi o motivo do medo dela. Mas a todo momento reforçamos que estaríamos juntos, que ela nunca ficaria sozinha. E, apesar de tudo, foi tranquilo. A equipe do hospital se surpreendeu com a calma dela.
É importante dar segurança, carinho e elogiar a coragem. Não usar para colocar medo nos pequenos. Do tipo, se não comer toda comida vai ter que fazer uma injeção (quem nunca!). Não associe a vacina ou a injeção com punição. Também não vitimize o pequeno, demonstrando pena: coitadinho, é dia de ir tomar vacina. Ao invés disso, trate o ato de vacinar com naturalidade e acolha a dor física e emocional da criança com palavras de afeto e de reconhecimento, com um abraço carinhoso. E depois, siga em frente mudando de assunto.
Vida que segue, nem doeu.
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